Um museu destinado às ciências que, em vez de se limitar aos vestígios do passado ou às evidências do presente, propõe por meio do percurso de visitação uma aventura rumo ao desconhecido. Essa é a proposta do Museu do Amanhã, projeto concebido pelo premiado arquiteto espanhol Santiago Calatrava e uma das principais alavancas do programa Porto Maravilha, de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro.
Nesse formato que se diferencia dos tradicionais museus de história natural ou tecnologia, o visitante vai se deparar com um leque de escolhas e possibilidades atuais que farão da imaginação de cada um a plataforma para explorar um caminho em direção ao futuro a partir de ideias e emoções.
A construção do museu teve início em dezembro passado. Com inauguração prevista para o segundo semestre de 2012, ele tem custo estimado em 130 milhões de reais e está sendo implantado sobre opíer Mauá, junto da praça homônima.
A primeira etapa de obras deve ter duração de quatro meses, prazo em que serão cravadas mais demil estacas para reforçar a estrutura doatracadouro e permitir a execução das fundações do edifício, que tem o objetivo de se tornar um novo ícone arquitetônico na cidade.
A construção é uma iniciativa da prefeitura do Rio de Janeiro, com realização da Fundação Roberto Marinho. O detalhamento da proposta de Calatrava ficou a cargo do escritório carioca Ruy Rezende Arquitetura.
No total, serão 12,5 mil metros quadrados de área construída, metade dela destinada aos espaços expositivos. O museu se organizará em dois níveis interligados por rampas.
O térreo será ocupado por loja, auditório, salas de exposições temporárias, salas para pesquisa e ações educativas e um restaurante, além das áreas administrativas. No piso superior ficarão as salas das exposições permanentes e belvedere para contemplação da vista.
A proposta observa as condições de preservação do meio ambiente e prevê a adoção de recursos sustentáveis, como a utilização da água da baía da Guanabara para resfriamento da temperatura no interior do prédio e a instalação de estruturas móveis na fachada que, além de atuarem comobrises, servirão de base a placas fotovoltaicas que possibilitarão a captação de energia solar.
Um espelho d’água ao redor do volume usará água do mar filtrada e terá as funções de mimetizar a edificação na paisagem da baía, criar um microclima mais fresco e agradável em seu entorno e mostrar aos visitantes o funcionamento de um sistema de filtragem.
Considerando aspectos culturais e históricos da cidade e inspirado em elementos da mata atlântica, o projeto valoriza a paisagem e se integra com naturalidade à praça Mauá e ao Museu de Arte do Rio de Janeiro, obra que também faz parte do programa Porto Maravilha. Os dois novos museus já são considerados âncoras culturais que devem conduzir a uma reaproximação da cidade com marcos históricos, como o morro da Conceição e o Mosteiro de São Bento.
O Museu do Amanhã terá curadoria de Luiz Alberto Oliveira, físico e doutor em cosmologia, e de Leonel Kaz, professor de cultura brasileira na PUC/RJ e curador do Museu do Futebol (SP) e do Museu de Arte do Rio.
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 372 Fevereiro de 2011