Considerado ícone da arquitetura modernistabrasileira, o terminal de passageiros foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural (Inpac) em agosto de 1998, seis meses depois do incêndio que destruiu parte de suas instalações. Apesar de o aeroporto operar apenas na ponte aérea Rio-São Paulo, houve aumento na demanda e, conseqüentemente, foi necessária a ampliação. O arquiteto explica que as obras em andamento esgotam a capacidade do complexo, uma vez que não é permitido ampliar as pistas de pouso e decolagem, pois o espelho da baía da Guanabara também é tombado.
Quando as obras forem concluídas, o aeroporto terámais 33 mil metros quadrados de área construída e capacidade para atender cerca de 8 milhões de passageiros por ano. Atualmente, com 28 mil metros quadrados de área construída, pode receber anualmente 3 milhões de usuários.
Entre bens tombados
O projeto de reforma e ampliação inclui um conector e três prédios – um já existente, destinado ao desembarque; um lateral, para embarque; e um terceiro, de interligação. As obras foram divididas emduas fases. Em andamento – e com conclusão prevista para junho de 2007 -, a primeira etapa envolve o complexo formado por terminal de passageiros, pátio e taxiways. Na segunda, ainda não licitada, será construído o edifício-garagem.
“Não houve interferências no desenvolvimento do projeto, pois as diretrizes estavam claramente definidas pela Infraero. Existiram limitações devido à localização, cercada por bens tombados – o prédio existente, a praça frontal, o Museu de Arte Moderna e o aterro do Flamengo. Foi necessário realizar um apurado estudo de tráfego na região a fim de evitar forte impacto no trânsito, uma vez que o aeroporto encontra-se em área central da cidade”, lembra o arquiteto. O projeto das novas edificações teve a altura limitada ao prédio existente e privilegiou a visibilidade.
Túnel de vidro
A solução de fechamentos de vidro para o conector promove a transparência necessária para permitir descortinar a baía da Guanabara, bem como toda a fachada do prédio existente. Trata-se de um tubo metálico de 287,50 metros de extensão, composto por perfil de aço com acabamento na cor branca; quando concluído, ele atenderá oito pontes deembarque. Sua área envidraçada totaliza 6.350 metros quadrados, sendo 2.196 metros quadrados de vidro curvo aplicado nas laterais e 4.154 metros quadrados de vidro duplo na cobertura. A caixilharia é produzida com perfis tubulares de alumínio anodizado preenchidos com lã de rocha, para isolamento acústico, e vidros encaixilhados com gaxetas e tampas externas, para fixação e vedação dos quadros.
Nas laterais do conector foram aplicados vidros Sunergy curvos, temperados, laminados com quatro películas de PVB, verdes, de 17,2 milímetros. Eles oferecem reflexão de 6,5%, transmissão luminosa de 40, sombreamento 0,23 e fator U ou K de 1,6. Nacobertura adotou-se uma barreira térmica de vidros duplos Stopray azuis, de 32 milímetros. É um sanduíche composto por um temperado de dez milímetros na face interna, câmara de ar de 12 milímetros e laminado com duas películas de PVB no lado externo. “São vidros de baixíssima emissividade, que oferecem reflexão de 4%, transmissão de 30, sombreamento 0,10, e fator U
de 1. Esses valores garantem proteção térmica equivalente a uma laje de cimento”, explica o diretor da empresa Glaverbel, Erwin Galtier.
Para a fachada do lado terra do prédio tombado está prevista a substituição das esquadrias de 1998 por outras semelhantes às existentes. Para conforto ambiental, o sistema proposto para climatização do complexo é o de termoacumulação, pois o órgão do patrimônio histórico não permitiu o fechamento dos acessos ao saguão, devido às interferências que poderiam ser provocadas no espaço protegido. Nessas áreas haverá o insuflamento de ar. Os demais ambientes serão climatizados de modo convencional, assim como o prédio de interligação, a área de embarque e o conector.
Publicada originalmente em FINESTRA
Edição 48 Janeiro de 2007